Colegas, deixo-vos um poema traduzido por mim da autoria de Frank Lima (1939-2013), poeta sobre o qual incide o meu trabalho de Teoria da Edição. Espero que gostem.
Catarina Costa
Juárez
Estas palavras vazias são tão remotas. São histórias em que alguém quer
Acreditar no fim do século. Todos reúnem o seu mar de telúrica
Dor para saudar o início do novo mundo.
Os carros param e observam as cadeiras a coxear pela rua para aguardarem
A chegada do novo ano. É o fim do verão e do outono e
Dos invernos e das primaveras, e da paixão panzer.
Passados quatrocentos e oitenta e um anos, não consigo arrancar a flecha
espanhola
Do meu olho. De repente tudo o que eu sabia era desumano:
Os oceanos, os girinos nos seus carros novos. As amêijoas transformaram-se em
Cheerleaders. As palmeiras em strippers, e todos esqueceram que
Os cervos são as formas de Deus.
O latim tornou-se a língua oficial d’Ele, quando deixou de ser judeu,
Roendo as unhas e recolhendo latas como um reles pastor com dentes dourados
como o sol.
Os anos tenros que em tempos envergaram ostras não voltariam a falar com Ele.
A aranha fêmea tornou-se uma lésbica, devorando as nossas novas pernas longas,
Que jamais voltariam a subir os degraus de brincar que os nossos pais nos deixaram.
Embora
As nossas pernas sejam peludas e lírios de um teatro, os ternos lábios das
Nossas pirâmides repousam nas nossas almas como os dedos de uma amante.
Quantas aspirinas tomaremos para alcançarmos a superfície da verdade?
A minha existência está à venda. A aurora está a aprender inglês.
As ondas do mar sindicalizam-se.
As pedras que em tempos foram os nossos corações inquietos estão a comer chocolate.
Venho vender-vos peixe, o pão do meu sangue e a minha existência.
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