Um brinde
Vodka seguida de café.
Todo dia
Colo um papel na porta
SAÍ PARA ALMOÇAR
Mas ninguém liga;
Meus amigos olham pro papel
Às vezes eles deixam uns recadinhos
Ou gritam lá fora — Aparece
aí,
Rai-mun-do.
Uma vez, meu filho,
aquele sem-vergonha,
Entrou aqui de fininho e
deixou pra mim um ovo de capoeira
E uma bengala
Eu acho que ele deu uns goles na minha vodka
E na última semana foi minha
mulher que deu uma passadinha
Com uma lata de sopa de
carne
E um balde de lágrimas
Ela também deu uns goles na minha vodka,
eu acho
Depois foi embora num
carro estranho
Com um cara que eu nunca vi
Eles não acreditam; mas eu
tô bem,
Eu fico bem aqui onde eu tô, e onde daqui pra frente
Eu vou tá, eu vou tá, eu vou tá...
Pretendo usar todo
tempo do mundo
Esperando qualquer coisa,
até um milagre,
Mas sempre desconfiado
Mais cuidadoso, mais ligado
Naqueles que podem cometer
algum pecado contra mim
Naqueles que podem roubar
minha vodka
Naqueles que podem me
fazer mal.
(Cristiano Borba)
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